terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ano novo, e daí?



Tudo que se intitula novo não se fará sem o velho. Sempre haverá um ranço do que já foi no que insiste se firmar exatamente agora... é uma verdade e esta também é velha!
Falando nisso, muita coisa que por um bom tempo se sustentou, hoje não mais. E cada dia que passa umas coisinhas precisa do lugar de outras coisinhas por simplesmente obedecer ao ciclo viciante da vida: renovação.
É palavra de ordem para muita gente, mas quase sempre desobedecida, gesto este seguido de conseqüências, uma vez que se rebelar contra esta ordem, ou protelar a execução da mesma não é permitido. Ou se muda, ou é mudado. Esta última opção não agrada na maioria das vezes e pode ser (sempre) um pouco mais aquém do que se espera. Não mudar é ser colocado à margem de novidades e situações de transcendência, superação. Quem aceita essas necessidades de transformação acompanha o ritmo ditado pelo tempo e sofre menos, ou dependendo de quem seja a perspectiva, nem sofre!
São feitas listas imensuráveis do que se tem a fazer para mudar (n)isso ou (n)aquilo, pela razão de que mais um ano, mais um, se encerra, mas o que realmente importa é que a existência da lista traz consigo a idéia de obrigações. O fazer por obrigação se faz com perfeição¿ Tenho minhas dúvidas... quando não some essa lista, o check list no fim das contas dos dias, meses, horas sempre é visto como algo terrivelmente de se encarar. Não! Eu não fiz essa lista! Essa letra nem é minha... e aí um pedaço de papel surrado acaba de te surrar a consciência e onde estamos¿ De frente para um novo ano! Sério¿ E daí¿ (...) Momento de réplica: Não vou fazer balanço algum, não estou em liquidação! Não queira torrar o que restou de mim! Confesso que estou no lis e não há nenhum Itaú de Vantagem nisso... mas quem sabe pra muita gente ainda posso ser uma Brastemp. Muitos empréstimos são feitos. Toma-se emprestado a amizade de outro, por não ser mais amigo, as emoções e alegrias de outros por não encontrar mais as suas. Já gastou tudo que tinha e só lhe restou a alternativa que todos alimentam independentemente do que aconteça: esperança. De que¿ transformação. E se segue mais uma vida de 365 dias e 6 horas de aspirações que podem ou não serem alcançadas... É o velho se fazendo novo, ou o adverso disto... você escolhe...
Esse ciclo deveria causar tédio, mas as festinhas, os amigos-ocultos, as confraternizações e claro, as compras não permitem isso acontecer cem por cento.
Contudo é imperativo acompanhar as cadências do tempo para saber quando o que antes em uso se transforma em desuso, o que antes sustentável, já não será mais, o que não poderia ser interrompido, será, e o que estava interrompido será retomado...
Se refazer é a antigravidade para tudo que nos arremete contra a parede do enfado possivelmente encontrado na dinâmica deste ciclo, é prazer para uns e agonia para outros, quando não os dois simultaneamente.
Ano novo! E daí¿
Uma sugestão: para ser diferente, para dizer que este foi O ANO, por que não festejar todos os dias¿ Quem sabe não teremos motivos de sobra para realmente festejarmos o fim deste e sim tristeza por ter acabado...
BOAS FESTAS!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu e o Ler


Falar de minha iniciação com a leitura, com os livros não deixa de ser logo de início algo delicado. É coisa de intimidade! Por que me reprovo desde a escolha das palavras à construção de um mero período. Queria que fosse realmente traduzido em palavras o quanto sinto por esta e nesta relação de uma forma que elas ganhassem força e autonomia para se mostrarem em auto-relevos. Você pode até achar certa demasia, mas acredite: tenho prazer nisto! É como buscar os meios mais galantes para descrever algo que teve o poder de transformar cada pedaço meu e continuar me dizimando para me reconstruir a cada título, capa, formas de letras, frases espalhadas estrategicamente... os livros me fazem perder noção de espaço e tempo; me escravizam; me fazem perder o apetite ou conviver com este enquanto me engano que lerei só mais uma página; me deixam com cara de outros e como se não bastasse tudo isso, me roubam a identidade me dando outras que dão poderes ilimitados de ir e vir, ser e deixar de ser, onde e quando quiser, o que eu quiser!
Isso tudo começou lendo gibis. O mundo se tornou o melhor brinquedo para aquele moleque que até na escola ficou de castigo por ser pego em flagrante lendo Zé carioca e Turma da Mônica enquanto a professora – logo adiante, professores – repetiam fórmulas que julguei desnecessárias. Perguntava comigo mesmo: o que o Clark Kent ou O Pequeno Ninja fariam com essa matéria¿ quando não tinha vontade de ser o Chico Bento e com sua simplicidade falar umas verdades para a professora! Mas aí como não tinha coragem com os olhos fora dos quadrinhos, então para mim nada importava alem de estar junto a eles e voando e combatendo o mal, impedir vilões e roubar goiabas do Nhô alguém num plano mais real, porém virtual!
Meus pais me proibiram de comprar “revistinhas” e me puseram para ler aqueles livros de língua portuguesa recheados de fábulas e desenhos engraçados... não me lembro o nome desses livros, mas posso sentir até hoje o cheiro que exalava daquelas folhas espessas e de sua capa verde-musgo descascando, soltando o plástico que lhe revestia. Tinha que treinar leitura para toda segunda-feira: ler em voz alta para os colegas e uma professora que empunhava como uma nazista uma régua de madeira medindo sessenta centímetros (a metade de sua estatura). A cada tropeção em palavras conhecíamos o poder daquela régua! Chorávamos, ríamos, nos assustávamos! Ela era a vilã e a Cristina, nossa arquiinimiga, sua fiel escudeira – a menina que não errava na leitura! Como tínhamos vontade de sabotá-las, mais ainda, tomar aqueles 60 cm de tirania que lhe dava poder sobre nossos medos e receios – a maldita régua! Dona Maria do Carmo. Inesquecível D. Maria do Carmo! Naquele tempo soava mais como “um pequeno ser de idade avançada que enfeitiçava nossos pais convencendo-os de que nós, além de em sala de aula, era preciso prorrogar nossa tortura em casa!
Um dia fiquei sabendo que TINHA que ler um livro e responder uma ficha literária. Era a primeira vez que ouvia algo daquela magnitude lingüística! Ficha literária!
– Professora... vim buscar o livro para fazer o trabalho...
– Engraçadinho você, seu Silas! Diga a seu pai que o livro está nas livrarias esperando que ele lhe compre para que você não reprove! E dessa vez não é suas revistinhas, não! É coisa séria!

E mais uma vez a régua estalou sobre a madeira gasta da “mesa da professora” com toda a força daquele bracinho de mulher que se transformava em algo muuuuito maior! É lógico. Todos pagaram o preço de minha estúpida pergunta! E mais! Sabia que meu pai não teria dinheiro para comprar aquele livro... A ilha perdida! Como esquecer do primeiro livro que li¿ um livro que custou dinheiro emprestado de um tio para que fosse comprado numa tarde de quinta-feira para concluir o “trabalho” antes que o sol desse as caras na sexta-feira!

É isso aí: li as 144 páginas em uma noite e respondia A FICHA LITERÁRIA no tempo entre 05h40min e 07h15min para estar em sala enfrentando, quero dizer, em frente à professora com um sorriso pirracento no canto da boca e a mão estendida segurando a tal ficha que acabei de descobrir que não tinha a menor diferença das atividades de interpretação de textos que ela passava em sala! Não obstante, ficou a vontade de conhecer todas aquelas obras da coleção Vaga-lume! E realmente conheci! Encontrei mais tarde um amigo que tinha uma caixa cheia dessa coleção e me emprestou um a um sem o menor receio. Salve o Zé Maria! Depois disso nunca mais parei de ler livros, nunca mais tive medo de ler, virei pirilampo de biblioteca. Que nome lindo! Bi-bli-o-te-ca!

Vinha em casa almoçar e voltava para este lugar sagrado da escola José de Assis ou do Centro Integrado de Educação. Conheci tantos nomes, viajei para tantos lugares inóspitos, sofri tantas perseguições, resolvi tantos enigmas. De aventureiro a imperador, fui tudo um pouco! Tornei-me um tanto introspectivo. E quando aceitava sair desses mundos escolhia escrever ao invés de conversar com alguém... Eram os poderes de Shoppenhauer, Nietzche, Goethe (meu Deus! Não acredito que li Fausto! Que infrutuosidade! Mas isso acabou com Werther!), que estavam me desconstruindo¿ ou os poemas de Pessoa e heterônimos, Drummond, Augusto dos Anjos que jogavam de um lado para o outro¿ quem sabe o Bruxo do Cosmo Velho me manipulando a seu bel prazer!

Dá uma impressão de que sou experimentado em Filosofia e Literatura, não é¿ mas não! Dessas e da música sou meramente diletante, claro que em Literatura quero um pouco mais...

Minha mãe me dava de presente livros que apareciam em promoção e coleções de autores estrangeiros em promoção na revista Seleções, assim como CDs clássicos, coletâneas! Amo todos eles! Por conta de meu pai ficou a leitura religiosa – a bíblia. Somente. Amei conhecer todos aqueles personagens fantásticos possuidores de dons, poderes supra-terrenos, além-mundo enquanto decorava versículos para recitá-los no domingo de manhã na igreja! Até hoje, adoro ler a bíblia. O dicionário bíblico da minha de João Ferreira de Almeida se torna um probleminha. Sempre que preciso procurar o significado de algo fico por lá mesmo, no dicionário! E falando nisso, não posso ignorar a influência deste em minha vida de leitor. Meu irmão gostava de caçoar comigo porque eu LIA dicionários! Era um absurdo para ele, quando não para todos eles! E não podia pronunciar uma palavra diferente que já me cobriam com pirraças do tipo: – chegou o Aurélio! o Globo! lembra¿ chegou a conhecer o Globo¿ COLOSSAL! Temos até hoje! Divirto-me agora, mas me chateavam de verdade...

Vou encerrando tendo muito a dizer ainda e com uma sensação de estar ouvindo algo ringir atrás de mim, uma porta relutante em não ser fechada – saudade. E percebo que é real o fato de que o que se faz hoje te define amanhã... olha para mim!

Meu muito obrigado a todos os professores que me apresentaram a leitura, em especial a D. Maria do Carmo que apresentou Maria José Dupré e, por conseguinte a coleção Vaga-lume e outros autores, meus pais e amigos por contribuírem para minha mania, meu vício!

Meio terapeuta isso tudo... Sempre tive vontade de contar essa parte da vida para alguém e não podia ser em melhor momento! Contei agora para você!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

domingo, 5 de outubro de 2008

Poder da maquinaria discursiva II

Queria ter sido possível contar a vocês, tutores das demais regiões, como foi nossa experiência em Santo Antonio do Descoberto com o filme Desmundo, mas aproveito este instrumento para dizer que não foi muito diferente do que consegui escutar daquele momento de partilha.

Quando passei o filme me limitei a apenas a apresentá-lo e indagar o significado do título deste. O que causou euforia e expectativa quanto ao que ia ser visto na tela. Fiz questão de criar um momento realmente pipoca e refrigerante com os cursistas. Foi muito interessante! Amaram!

Após o filme, já quase sem tempo para muito, dei aos cursistas quatro questões que os norteariam na elaboração do texto que pedi para ser feito no formato que achassem melhor: resenha, síntese, dissertação e etc.

Os questionamentos foram os seguintes:

a) Por qual razão trabalhar este filme (Desmundo) no Ensino Fundamental; como trabalhar;

b) O que destacaria como principal assunto do filme;

c) Qual a importância do filme junto aos nossos estudos do fascículo 6;

d) A importância do estudo da história da língua

Dos trabalhos escritos entregues a mim, pude notar uma assimilação muito satisfatória do conteúdo em pauta e que os cursistas extravasaram trazendo questões muito pertinentes aos nossos estudos. Isto mais constatado ainda, no nosso momento de socialização em um de nossos encontros aqui em SAD.

Estamos terminando um painel de apresentação para exposição sobre os fenômenos constituintes da mudança lingüística na intenção de interar os demais, desde os mais “próximos” desta ciência – lingüística – aos mais “distantes” e, claro, reforçar, suscitar a cultura de tolerância e evocar do maior número possível de pessoas o sentido mais intimista da palavra ALTERIDADE!!!

Dando por certas nossas intenções, veremos uma ainda maior maquinaria se erguer com maior força com o auxílio da polifonia a favor dos desprestigiados, marginalizados por exercerem sua função de falantes da forma como seu meio sócio-histórico lhes incutiu a língua e, por conseguinte a linguagem que manejam em seu cotidiano.

Poder da maquinaria discursiva


Sexta-feira, 26 de setembro, foi mais um dia no calendário. Não um calendário qualquer. Um calendário quinzenal que exige esforço, predisposição e energia para deixar a cama cedo, mais cedo que o usual para alguns ou maioria, não sei... ao menos para mim...

Contudo não posso dizer que não gozo de uma motivação superior a essas minúcias pessoais. Estudar na UnB! Estar com pessoas distintas no que diz respeito a um interesse em comum – a Língua Portuguesa. Ter como formadoras pessoas que tem magia na boca para me encher de entusiasmo e me fazer sentir que não estou só quando o assunto é sonhar com um ensino melhor e uma unificação e/ou, claro, a multiplicação de saberes! Discutir assuntos, que longe de serem tomados por simplórios, com o grupo é mexer com uma maquinaria muito engenhosa, ruidosa, nem sempre desafinada, as vezes descompassada, mas para encontrar o ritmo. Maquinaria esta que produz nos finais de trabalhos experiências fantásticas provando mais de uma vez que a polifonia que trago comigo é importante para a polifonia dos outros colegas e vice-e-versa. Somos polifônicos na maioria do tempo e na outra maioria do tempo somos nós mesmos brincando com nossa subjetividade! E por falar nisso... Como diriam os ingleses: it´s amazing! Sempre volto extasiado. Se não for com tudo, garanto ser impossível não ser com algo específico. Mas seja o que for ou como for, tenho certeza que haverá uma procriação ainda mais notável resultante daquilo já comigo com o que me compartilharam. E assim segue esta maquinaria discursiva desconstruindo, reconstruindo, criando e recriando mitos, saberes, sonhos, concepções...

Nesse dia, não foi diferente. Algumas surpresas logo pela manhã encontrando minha primeira professora de lingüística na Universidade Estadual de Goiás, Caroline Rodrigues ministrando o encontro pautado em coerência e coesão textual. Não tinha me dado conta do valor real de sua passagem em minha vida acadêmica. Foi muito bom!

No turno vespertino, tivemos o professor Dioney Gomes provocando o grupo com um momento de “socialização de experiências” sobre o filme Desmundo por ele sugerido como instrumentação de trabalho e pesquisa dentro dos estudos sobre Mudança Lingüística no fascículo 6 do módulo 2 por Marcos Bagno. Diga-se de passagem, uma ótima sugestão. Tanto que podemos notar o resultado nesse momento de socialização – o primeiro e único do turno para mim. O que me deixou um tanto chateado com as condições impostas pela nossa secretaria que cede o transporte: só poderia ficar até as 16 h na UnB. O que já tinha ocorrido em encontros anteriores prejudicando nossa imprescindível participação no curso (falo em nome da equipe SAD). Por este motivo me (nos vimos) vi obrigado(s) a deixar o grupo mais cedo perdendo significativamente alguns elementos para nossa formação!

domingo, 21 de setembro de 2008

FEIRA DO LIVRO


AQUI ESTÃO ALGUMAS FOTOS FEITAS NO NOSSO PASSEIO À FEIRA DO LIVRO! EXITEM MUITO MAIS. PRECISO DAS OUTRAS QUE ESTÃO EM OUTRAS MÁQUINAS, CARTÃO DE MEMÓRIA... (POR FAVOR, TRAGAM NA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA)
NESTAS FOTOS ESTÃO CURSISTAS MARAVILHOSOS COMO O SÓSTENES, A ELIANE, TATI, ALEANDRA, KENIA, NEUNA E MARIA ALICE!!!
EM BREVE PUBLICO O RESTANTE!!!

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